
Ser professor é ter uma estranha mania de acreditar que o impossível não existe!
Para
ser professor é preciso nascer professor. Qualquer um é capaz de
aprender inúmeras teorias, conceitos e estratégias. Mas não se aprende a
ser professor. Não há neste mundo, e desconfio que em nenhum outro,
curso de formação que dê conta de transformar uma pessoa comum em
professor. Nasce-se com a alma pronta para ser professor. Trata-se de
uma mistura estranha de coragem com doçura; de responsabilidade com
leveza; de sabedoria com humildade; de curiosidade sem fim com
capacidade de se entregar ao silêncio; de achar beleza no erro e
entender que o acerto é absolutamente relativo; de acordar acreditando
que é possível cooperar com a evolução de todos e de adormecer sonhando
em como fazer isso.
Ser
professor é pensar todos os dias na missão social diante deste
seríssimo trabalho que se escolheu abraçar. É estar disposto a entender
que as pessoas, em sua maioria, acostumam-se facilmente a TER, sabem
muito pouco sobre SER e têm experiências distorcidas com o SENTIR. Ser
professor é não permitir-se desvincular a missão de instruir, oferecer e
nutrir almas com conhecimentos significativos para a vida, da missão
política de ajudar a pensar sobre o mundo que nos cerca, dentro do qual
estamos inseridos e pelo qual somos responsáveis.
Todos os dias
passam pela vida de cada professor inúmeras vidas tão diversas e,
justamente por isso, tão interessantes! Quanta responsabilidade! São as
suas ações que vão influenciar as ações deles e, não as suas palavras.
Mais do que vigiar o que faz, é preciso ser fiel ao que pensa e revela.
Caso contrário esse professor será uma fraude absoluta e correrá o risco
de não significar nada no processo de formação de seus alunos, ou pior,
torná-los insensíveis ao que é verdadeiro ou ilusório.
Professores
e alunos formam um poema de estrofes entrelaçadas; cada sucesso merece a
comemoração de todos e cada insucesso merece a reflexão daquele que
assumiu a tarefa de educar, sua autoavaliação, postura humilde e maior
dedicação. As experiências vividas em conjunto tecem o futuro. O contato
pleno entre alunos e professores garante que ninguém permanecerá hoje o
que era ontem e certamente será amanhã uma nova pessoa. É isso a vida:
desafios, transformação e possibilidades! Cada grupo de alunos seja
formado por crianças; adolescentes ou adultos representa a essência da
esperança numa vida diferente desta que temos hoje como modelo: falta de
esperança no compromisso dos dirigentes; frustração diante da
desvalorização do saber; banalização da violência. São tantos os motivos
que podem fazer o mais idealista dos professores desistir.
Mas
a essência daquele que já nasceu professor vê em cada um dos pares de
olhos à sua frente um motivo a mais para levantar tão cedo, acreditar
que a evolução do ser humano ainda é possível e reforçar o que eu há
muito tempo já sabia: Nasce-se professor! Existe alguma força dentro de
quem nasce assim que vive inquieta e nutrida de esperança! Há a
consciência de que haverá sempre o que descobrir; retomar; reconstruir;
comemorar! Afinal cada vida que se toca passa a ser parte da vida de
quem a tocou. Aqueles que nasceram professores sentem no centro de suas
almas que precisam tirar de si o substrato de vida mais puro e honesto
para fazer pelo outro se não tudo, porque tudo pode soar como soberba, a
parte que lhes cabe com a mais profunda reverência e o mais verdadeiro
amor.
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