Por
Alexandre Garcia...
Cada vez menos jovens
querem ser professores no Brasil
Só 2% dos alunos do ensino médio querem cursar
Pedagogia. É preciso aumentar salários e oferecer plano de carreira e cursos de
formação.
Este
sábado (13) é Dia do Professor e cada vez menos jovens querem ser professores.
Apenas 2% dos alunos do ensino médio querem fazer faculdade de Pedagogia. Nesse
ritmo, vamos ficar sem professores no futuro. Se nada mudar, o futuro dessa
profissão – e, portanto, dos nossos filhos - fica cada vez mais ameaçado.
Especialistas
dizem que a saída para isso nem é tão difícil. Aumentar salários, criar um
plano de carreira e desenvolver cursos de formação são ações que precisam ser
colocadas em prática, para ontem.
É na sala
de aula que elas aprendem a ser professoras. Cada uma na turma mostrada na
reportagem está cursando Pedagogia por um motivo. Em comum, todas têm vontade
de ensinar. Durante 18 anos, a estudante Paula Trevisan trabalhou como
advogada. Resolveu mudar quando apostou no sonho antigo.
“Eu já
tinha feito magistério quando eu estava no colégio e isso começou a me dar
saudade. E eu também gosto muito da maestria da área educacional, de coordenar
as atividades de uma escola”, diz Paula.
Só que o
caminho que as meninas estão escolhendo está ficando cada vez mais solitário. A
turma de pedagogia de um instituto em São Paulo tem 45 alunos. Menos do que nos
anos anteriores.
Para se
ter uma ideia, segundo o Ministério da Educação, apenas 2% dos jovens que saem
do ensino médio escolhem ser professores. Falta de um plano de carreira, baixos
salários, pouca valorização. Tudo isso desestimula na hora de escolher.
Enquanto essa realidade não mudar, a carreira de professor vai ficar cada vez
mais distante de muita gente.
“A
atratividade da carreira docente precisa mudar e isso implica também, não só o
aumento de salário, mas a constituição de uma carreira mesmo”, afirma Regina
Scarpa, doutora em Educação.
Para
melhorar o ensino, o Plano Nacional da Educação espera, até 2024, alcançar
algumas metas, entre elas garantir que os professores tenham formação superior,
que pelo menos 50% de quem dá aula na educação básica tenha pós-graduação e
valorizar o salário dos professores em relação a outros profissionais que
também tenham nível superior.
O
especialista em Educação Fernando Abrucio acredita que o plano é bom, mas que o
Brasil avançou muito pouco.
“Nós
temos que, ao mesmo tempo, melhorar a formação do professor, torna-lo alguém
que saiba ensinar bem aos alunos e mudar a carreira do professor para atrair os
melhores talentos do país para a docência e assim termos uma sociedade melhor
para nossos filhos e netos”, diz.
Uma
pesquisa feita em todo o país mostra que a cada quatro professores, um acredita
que investir em educação é prioridade. Cinquenta por cento pedem aumento
salarial e 48% esperam melhorar o plano de carreira.
Com
tantos desafios e pouco incentivo, a pedagoga Consuelo Ribeiro desistiu de dar
aulas. Não foi uma decisão fácil para a pedagoga, que passou mais de dez anos
ensinando na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
“Quando
você começa a colocar na ponta do lápis o que você precisa para estar na sala
de aula, você vai perdendo, você vai vendo que não está compensando”, queixa-se
a pedagoga.
Quem
continuou na profissão, cobra a valorização do professor.
“Olhar o
potencial que o professor tem. É ele que contribui para a educação que vai
mudar com a sociedade, que vai tornar essa sociedade cada vez melhor”, destaca
Andrea Luize, coordenadora de curso de pedagogia.
Uma outra
meta do Plano Nacional de Educação, aprovada em 2014, é assegurar, em dois
anos, planos de carreira para os profissionais da educação básica e superior.
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